Mas cultura corporativa e falta de clareza sobre o uso de dados têm sido barreiras para ganhos adicionais de produtividade por meio de automação, segundo o VP dMas cultura corporativa e falta de clareza sobre o uso de dados têm sido barreiras para ganhos adicionais de produtividade por meio de automação, segundo o VP d

Automação em logística ganha relevância em momento de pressão de custos, diz Infor

2025/12/30 21:28

Apesar do avanço do uso da automação no setor logístico no Brasil, ainda há muito potencial para ampliar a produtividade por meio de novas tecnologias, segundo especialistas.

Trata-se de um ganho que se torna ainda mais relevante em novo momento de aquecimento do setor de galpões logísticos, em que as taxas de vacância estão em trajetória de queda e começam a pressionar os valores de locação (veja mais abaixo).

Segundo o estudo Infor Reports 2025 – Inovação na Logística, existe uma grande resistência para implementar novos processos de automação dentro da área de supply chain das empresas de todos os setores.

“Muitas empresas questionam se a automação traz retornos nessa área e grande parte das lideranças e dos funcionários ainda é resistente a mudanças. Cultura pode quebrar projetos”, afirmou o Vice-Presidente de Vendas da Infor Brasil e América do Sul, Waldir Bertolino, à Bloomberg Línea.

O mercado global de logística digital deve crescer cerca de 18% ao ano até 2030, segundo o executivo. No Brasil, a expansão anual estimada é ainda maior: de aproximadamente 23%.

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“Esse avanço no país é muito impulsionado por projetos de automação. No e-commerce, o crescimento tem sido astronômico”, disse Bertolino.

A Infor é uma empresa que está entre as líderes globais em produtos empresariais de software de nuvem, parte da Koch Industries, dos Estados Unidos.

Por outro lado, o executivo alertou que um dos maiores problemas de falta de investimentos na digitalização da cadeia logística reside em um elo crucial: os armazéns. Em sua avaliação, o segmento impacta diretamente distribuidores, fabricantes e varejistas. “Já temos visto rupturas até no varejo.”

O VP relatou que há desafios de ordem básica na cadeia de suprimentos das empresas, como na etapa de separação de materiais. “Esse ainda é, hoje, o maior gargalo em supply chain, porém o mais simples de resolver."

A pandemia foi um divisor de águas para o setor globalmente.

Antes da covid, a logística era vista essencialmente como custo dentro das empresas, mas posteriormente passou a ser encarada como estratégica, independentemente do porte da companhia.

Bertolino contou que clientes de diversos tamanhos tinham problemas de gestão de cadeia de suprimentos, como uma grande empresa de aço com mais de R$ 1,5 bilhão em estoque parado.

Outro caso foi o de um importante atacadista, que paralisava completamente a operação dez dias por ano para fazer o levantamento do inventário manualmente. “Isso tudo é custo que pode ser otimizado.”

De acordo com levantamento da ILOS, consultoria especializada no setor de logística, 59% das empresas entrevistadas possuem um planejamento orçamentário específico para inovação na cadeia de suprimentos, porém, 26% apenas pretendem reservar algum volume de recursos para a área.

Conforme a consultoria, o cenário de juros altos, a desaceleração de forma geral nos investimentos do país e o menor dinamismo no varejo levaram as empresas a adotar uma postura mais cautelosa, diminuindo a destinação de recursos para tecnologia neste ano de 2025.

Isso não significa que as empresas não estejam investindo em supply chain, mas que ainda há um longo caminho a ser percorrido.

Segundo a ILOS, 69% dos líderes que responderam ao questionário afirmaram que os investimentos em tecnologia não geraram o resultado esperado.

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Uma das principais conclusões do levantamento é que não bastam frota, parceiros e sistemas contratados para melhorar a gestão logística. Na visão do sócio da ILOS e responsável pela pesquisa, Leonardo Julianelli, sem dados confiáveis e análises consistentes, a operação seguirá no “escuro”.

“Apesar de toda a empolgação sobre o tema, as empresas não conseguiram avançar na digitalização de suas cadeias de suprimentos nos últimos três anos”, disse Julianelli.

Em sua avaliação, as possíveis causas para esse quadro incluem o cenário macroeconômico adverso, com aumento significativo das taxas de juros, que exigem retornos maiores para os investimentos em novas tecnologias.

Nesse contexto, os novos projetos ficam limitados e adiam o capex. Em paralelo, também houve uma certa frustração com o retorno do investimento feito em algumas tecnologias após a pandemia.

O especialista disse acreditar que algumas questões precisam ser respondidas pelos gestores das empresas, como a pertinência dos dados coletados; se é preciso buscar novas informações (internamente ou por meio de terceiros); e a confiabilidade dos dados.

Adicionalmente, ele destacou a importância de avaliar se decisões-chave na área de supply chain têm sido tomadas apenas por intuição ou se poderiam ser suportadas por dados concretos.

Bertolino, da Infor, alertou ainda para a baixa taxa de vacância de condomínios logísticos, resultado do crescimento exponencial do e-commerce.

Dados da CBRE Brasil apontam que o ano de 2025 deve encerrar com uma taxa de vacância de 8,0% em galpões logísticos, a menor da série histórica, o que deve se refletir em valorização dos aluguéis em revisões de contrato em 2026.

Em sua visão, essa busca por espaços especializados de estocagem e armazenagem intensifica a necessidade de otimização dos recursos existentes. “Não se trata apenas de comprar mais caminhão”, disse.

Segundo o executivo, os investimentos em automação na cadeia logística incluem a implantação de software em gestão de armazém, conhecido como WMS (ou Warehouse Management System), e contratação de serviços de torre de controle, por exemplo, o que permite um olhar holístico, da mesa do operador, para toda a cadeia, desde o suprimento até a “última milha”.

“Para uma empresa de porte médio, em geral, investir menos de 1% do faturamento em logística já traz um avanço significativo”, disse Bertolino.

Julianelli, da ILOS, chamou a atenção para o atual estágio de maturidade digital do supply chain no país.

Segundo ele, as tecnologias amplamente utilizadas na atual etapa do mercado brasileiro vêm sendo aprimoradas nos últimos 20 anos para melhoria da gestão das atividades de transportes (TMS) e armazenagem (WMS), que devem continuar a receber investimentos no país, sendo fundamentais para o futuro.

Escassez de mão de obra e IA

Para o VP da Infor, mesmo que a logística tenha se tornado mais estratégica dentro das empresas, ainda existem desafios na área, relacionados à alta rotatividade e à capacitação de profissionais.

Na visão de Bertolino, muitos desses desafios serão sanados com investimentos em tecnologia, sem que isso signifique, necessariamente, substituição de mão de obra.

O executivo citou como exemplo um cliente que conseguiu reduzir o tempo de onboarding (processo de integração e adaptação de novos funcionários à empresa) de três meses para três dias por meio da implantação de uma nova tecnologia.

Ele salientou que, em um setor cuja rotatividade é elevada, a tecnologia vem para ajudar.

“Muitas vezes a falta de adoção de tecnologia é somente por medo de mudar processos”, ponderou.

Julianelli destacou ainda o crescimento do uso de ferramentas de IA para análise de dados e planejamento, o que está previsto também para os próximos anos.

“Mas as tecnologias de automação, cujo investimento financeiro costuma ser muito elevado, seguem restritas a determinados segmentos ou em estágio piloto.”

Bertolino ressaltou que o Brasil tem liderado os investimentos em ferramentas de IA especificamente no setor de transportes.

“Custos de combustível, desgaste de pneus, entre outros, podem ser reduzidos sensivelmente com esse tipo de ferramenta”, disse.

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