Portugal tem hoje uma força de trabalho brasileira numericamente expressiva e em crescimento acelerado, com peso relevante no mercado de trabalho e nas contas da Segurança Social –equivalente à Previdência Social no Brasil.
Em um país com cerca de 10,7 milhões de habitantes, há aproximadamente 5,3 milhões de pessoas empregadas em Portugal, segundo o INE (Instituto Nacional de Estatística). Os dados fornecidos ao Poder360 pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social indicam que os portugueses representam a maior parcela: 4,5 milhões. No mesmo recorte, 412 mil trabalhadores registrados são brasileiros –número que equivale a quase 10% do total de portugueses ocupados e a cerca de 7,8% do total.
O contingente brasileiro mais do que dobrou em poucos anos. Em 2020, eram 172 mil trabalhadores registrados. O crescimento acompanha a intensificação dos fluxos migratórios e a demanda do mercado português por mão de obra em diferentes setores da economia.
A principal área de atuação dos brasileiros é a de atividades de alojamento e alimentação –essa última chamada em Portugal de restauração. O setor concentra 67.307 trabalhadores registrados de nacionalidade brasileira. Na sequência estão a indústria da transformação (55.965), comércio atacadista e varejista (50.726) e construção (50.387).
Somadas, essas 4 áreas reúnem 224.385 brasileiros, o que representa cerca de 54,5% do total de trabalhadores do país oriundos do Brasil.
Outros setores completam o grupo das 8 áreas com maior presença brasileira:
Embora concentrem números absolutos menores, esses segmentos triplicaram a quantidade de trabalhadores brasileiros nos últimos anos.
Para o economista Ricardo Rio, ex-presidente da Câmara de Braga –cargo equivalente ao de prefeito no Brasil–, os dados ajudam a desfazer a percepção de que a imigração brasileira se restringe a funções menos qualificadas.
“Essa imigração, na qual o Brasil tem um peso muito grande, foi fundamental para suprir necessidades de mão de obra que não existiam em vários setores. Não se trata apenas de trabalhadores pouco qualificados. Há brasileiros na indústria, em funções técnicas relevantes, na engenharia, nas tecnologias da informação e entre profissionais liberais”, disse ao Poder360.
O impacto também aparece nas contas da Segurança Social. De acordo com o ISS (Instituto da Segurança Social), o montante pago por estrangeiros atingiu um recorde de 3,6 bilhões de euros em 2024, o que corresponde a 12,4% do total arrecadado.
Ricardo Rio declarou que, nesse ponto, os brasileiros têm papel central: “As comunidades migrantes e, novamente, os brasileiros, têm um peso muito grande, apresentam um saldo positivo superior a 2,5 bilhões de euros por ano entre o que contribuem e o que recebem em prestações sociais. Isso ajuda diretamente a economia e reforça a sustentabilidade da própria Segurança Social”.
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Putin convocou líderes empresariais ao Kremlin no dia em que ordenou a invasão em grande escala da Ucrânia. ALEXEY NIKOLSKY/SPUTNIK/AFP via BBC News Durant