O excesso de reclamações diante da reincidência de problemas na distribuição de energia elétrica em São Paulo (SP) pressionam a estatal italiana Enel (BIT: ENEL) e abrem disputa para uma concessão avaliada em aproximadamente R$ 16,7 bilhões.
Na última semana, mais de 2 milhões de pessoas ficaram às escuras após a passagem de um ciclone extratropical. Mas este não é primeiro caso registrado. Em outubro do ano passado, um forte temporal afetou 2,6 milhões de pessoas.
Os recorrentes casos de queda de energia fez o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o prefeito da capital, Ricardo Nunes, solicitarem publicamente o início de um processo de caducidade — rescisão do contrato devido ao descumprimento de obrigações — a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta terça-feira (16).
Um rompimento da concessão, segundo análise do UBS BB, abrirá uma “oportunidade rara” no mercado de energia. Em documento divulgado para investidores, o banco suíço aponta Neoenergia (NEOE3), CPFL Energia (CPFE3) e Energisa (ENGI3) como as principais interessadas. Essas empresas também disputaram a a Eletropaulo em 2018, comprada pela Enel.
O UBS afirma que CPFL e Neoenergia podem se beneficiar de possíveis ganhos de sinergia operacional por já atuarem em áreas vizinhas. O Citi enxerga o mesmo cenário, mas destaca CPFL Energia como favorita para assumir o posto.
Equatorial Energia também é citada como possível interessada pelo banco suíço. Isso porque em um contexto semelhante, a companhia comprou da própria Enel a distribuidora de Goiás em 2022, quando a concessão enfrentava risco de caducidade.
Informações apuradas pelo Broadcast apontam que a italiana pode utilizar do mesmo recurso, previsto no artigo 4-C da Lei nº 9.074/1995, para vender a Enel-SP e transferir o controle societário antes de perder a concessão.
Enquanto no Brasil a companhia é alvo de críticas e ameaçada de rompimento de contrato, na Bolsa da Itália (FTSE MIB), as ações da Enel bateram recorde, chegando na maior cotação da história em novembro.
Hoje (18), a estatal é a terceira maior empresa do país, com 87,5 bilhões de euros (aproximadamente R$ 566,5 bilhões) em valor de mercado.
Coincidentemente, em outubro de 2024, quando São Paulo passou por outra grande queda de energia, a Enel também atingia o maior patamar desde 2021 (confira no gráfico abaixo).
Imagem: TradingView/Divulgação.
Desde 2018, a Enel-SP soma mais de R$ 400 milhões, segundo reportagem do jornal O Globo. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que as punições dispararam nos últimos anos e chegaram a um recorde em 2024, quando a distribuidora foi multada em R$ 165,8 milhões, aumento de 920% em relação ao patamar verificado antes da atual crise de apagões.
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